8 de jul. de 2010

SONHOS

                                             Marc Chagall

Os sonhos me redimem de todo esforço feito durante o dia. Existe um momento mágico: nem estamos dormindo, nem acordados estamos. É nessa zona morta, que nos vem as melhores idéias e as lembranças mais queridas nos visitam sem pedir licença.

Me ajudam a ser criança novamente: uma menina por vezes alegre, por vezes aterrorizada de pânico e solidão. Solidão em criança é maldade, sacanagem.
Volto à casa de meu pai. Visito cômodo por cômodo. Vejo-o assim como a minha mãe. Tento falar com eles mas não me ouvem. Estão em outra dimensão...
Peço sempre a Deus que me dê sonhos leves, alegres. Para que eu possa acordar realmente refeita, pronta para dormir de novo e sonhar mais. São nos sonhos que me descubro. Solto os macaquinhos do cérebro e eles brincam e brigam comigo.
Nos sonhos sou perseguida por demônios incansáveis que parecem ter escolhido só a mim. Nos sonhos choro, rio... Quero me libertar. Sonhos de finitude. Em que sinto alívio. Por estar tudo acabado.
A morte não me mete medo, a vida sim. Sei que nunca mais serei criança de novo. Aquela menina que sonhava acordada com um mundo melhor... A menina morreu, foi-se, me deixando aqui, vendo a vida como de fato ela é. Sem ilusões, só temores reais. Sem um sonho de criança. Acabou, enfim. Me descolei de mim... Flutuo.

Um comentário:

  1. sonhos podem ser bons ou ruins.
    mas sonhar e fundamental...
    ha que saber bebe-los,porem.

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