8 de jul. de 2010

MEDO E PUNHAL

Nada faz muito sentido: nada. Eu não faço sentido, você também não. Embora eu mergulhe em você feito cachoeira, tentando me purificar. Em vão. Mas nosso amor não é vão. Eu sim. Tornei-me vampira de alma. Procuro os jovens para sugar-lhes a vitalidade. Nesses momentos me torno forte. Graças ao sangue ingerido. De repente, minha fragilidade emerge solta. E me vem o medo das pessoas duras, que me deixaram ao desabrigo. Só, fome e frio. Que medo!
Eu temo um sopro de vento mais forte. Medo da agressividade que me levaria para longe do teu colo quente e do teu carinho. Exasperada de solidão. Dói, dói, dói. Medo e punhal.
O coração poderia deixar de bater e eu estarei a salvo de tanto sofrimento. Vivemos numa alcatéia de homens “asseados”, competitivos e nela, alguns lobos em pele de carneiro – mas lobos, é certo.
Soltei um som gutural que parecia se espremer até transformar-se num grito aterrador. A antevisão do Apocalipse com tudo e o temor que isso pode acarretar, devem assemelhar-se ao medo sentido por mim naquele instante. Congelei e nenhum som a mais consegui emitir.
Deixe-me ficar por aqui como quem não quer nada. Não é necessário me acompanhar até a porta, eu sei o caminho de volta. Me transmutarei no ser que eu sonho ser, que você crê que sou. Só para te agradar.

Um comentário:

  1. adorei os vampiros asseados....
    parece ate que vi um: terno, gravata, barba certinha, janota que so ele.
    educado, charmoso ate.
    vai la, fala com ele, ele e gentil como uma flor.
    um dia, tera sido tarde, ele tera devorado tudo, teus bens, tua vida ,tua alma.

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