14 de jun. de 2010

CARTA DE ALFORRIA

Nunca tive pai ou mãe, o que talvez explique tanta carência.
Quando me entrego a você sou toda tua, só tua
Entrego não só meu sexo, mas tudo. Sou tua inteira
Você me conhece palmo a palmo
Aproveita e espezinha...
Nasci com você, essa é a grande verdade
Antes era um vegetal, de nada sabia
Você deu-me norte
Comecei a entender o que antes intuía

Além de me iniciar nos mistérios do sexo
Mestre, professor que é
Treina bem comigo pra depois ir brilhar com as outras, todas putinhas
De uma coisa você não sabe: sou boa aluna
Estou aprendendo bem depressa.
Dia chegará que darei meu grito de independência
Sairei em busca de liberdade
Com tudo que aprendi, de aluna passarei a professora
Treinando com todos, um a um, iniciá-los-ei
Depois não me venha reclamar...
Foi você quem quis assim

Sou curiosa...
Como você se sentirá quando esse dia chegar?
Porque não direi nada...
Serei eu a te tripudiar
Ganharei a rua e minha liberdade e não direi palavra
Quem sabe? Livre de você pra sempre!
É incrível, sinto alívio
Talvez bata saudade. Mas saudade dá e passa.
Principalmente porque terei alguém que me ame

Eu te amei desesperadamente
E você me usou e jogou fora
Sem perdão, isso não irei esquecer nunca
Quando esse dia chegar
Descontarei todas as humilhações pelas quais passei
Tem nada não, amor
Sou esperta, estou já escrevendo minha carta de alforria.
Mil estradas trilharei sem você.
O mundo agora só a mim pertence.
Quero ver o que me espera...
Chora não, você logo vai se acostumar...
Ou vai ter que vir comer meus restos, minhas sobras
Como eu fiz um dia.

Com carinho, à amiga Ana Laura

3 comentários:

  1. Ana Claudia de Santis14 de junho de 2010 às 19:17

    lINDO! lindo! Que texto mai poético! Amei!Ana claudia

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  2. Caramba... amei... me sinto muito lisonjeada... beijosssss

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  3. acho isso + q importante para q nos possamos aprender o valor da vida ...

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