1 de jun. de 2010

FERVO A ZERO GRAU

Eu vivo tropeçando em mim mesmo. Pretendo saber tudo e nada sei.
Nos becos em que me escondo
A barra é tão pesada
Que a polícia ali não entra.
Não foi sempre assim, não fui sempre assim
Só e marginal
Nasci em berço de ouro
Tive família com sobrenome famoso
E coisa e tal
Começou pouco a pouco, pouco a pouco
Eu me vendi: uma fileira aqui,
Primeiro a cocaína
A hero veio a reboque
E agora eis-me aqui
Vendendo pra comprar
Até quando, senhor, até quando?

Deus, quanto queria um amor
Mas quem vai me querer
Vivendo de buraco em buraco
De barraco em barraco?
Quem?
É estranho, mas sou muito religioso
Acredito em milagres
Por que não poderia acontecer comigo?
Preciso tanto me salvar...

Espera aí,
Ouço um som e uma luz
Vem me cegar
Não disse? Milagres ocorrem
Por que não comigo?
Tá acontecendo: sinto o coração apaziguado
E a luz que me cegava veio junto com a Virgem
E vão me levar para lugar sagrado
Onde terei paz e sentirei amor
Pronto! Acionei o gatilho.
Acabou.

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