11 de dez. de 2009

ENVELHECER

Os sonhos me fogem pela janela da alma.
Cor, preto e branco ou sépia
Tento retê-los, mas furtivos eles escapolem,
inútil esforço de mantê-los aqui.
neles sou rainha, escrava, polivalente
uma amante da vida ou massacrada por ela.
Eles me visitam para alertar-me sobre mim
Inútil esforço, porque eles, sábios
fugidios só me fazem visita
para sugerir poesia.
Nada mais.
Pois deveria ser esta a função dos sonhos
Trazer-nos poesia e não espalhar o caos
Que temos interno.
Se eu pudesse pedir algo ao Criador disto aqui,
faria um pedido singelo:
Falo de sonhos suaves, doces, bem comportados
Com os quais acordaríamos com um sorriso nos lábios
e vontade de viver.
Sem sobressaltos nem grandes paixões
Um viver sereno
Esses sonhos que me visitam sem que eu queira,
Sugerem poesia, sim
E da melhor qualidade
Eles são a poesia.
Em estado bruto
Vendem paixões baratas
com homens perfeitos
Cabeça, tronco e membros.
Quá, Quá, Quá
Prefiro o meu
Cúmulo do imperfeito
Acumula defeitos que eu adoro
Assim mesmo o quero
Só pra mim, 
ou não.
Também pra mim.
O quero mesmo assim.
Atual condição desse adorável amor.
‘Que vengan los sueños’.
Os ‘torearé’.
Sonhar com você é ter você,
ainda que pouco.
Ainda que seja 
um romance barato
a prestação.
Eu te quero
a preço de ocasião.
Dói, dói tanto
São estacadas na alma
E tendem ao infinito
O que eu sinto.

Um comentário:

  1. Das coisas mais belas que li nos ultimos tempos.
    Passa a dor de um sentimento de amor profundo.
    Não deveria doer, mas simplesmente é assim: dói.

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