2 de ago. de 2010

SUNDAY, BLOODY, SUNDAY

Domingo é o dia. Eu sempre me organizo para não ficar sozinha. Mas por razões que me escapam me peguei completamente só, de repente.
Por um motivo ou outro, todos os meus amigos estavam se divertindo ou ocupados e eu, somente eu, sozinha no mundo.
Sou casada, mas não moramos juntos e, é claro, neste domingo meu marido estava viajando. Nem com ele podia falar.
Dizem que existe solidão e solidão. Não pra mim. Não entendo essas nuances. Sei que podemos nos sentir só, mesmo rodeados de gente. Mas, infelizmente, esse não era o meu caso. Eu estava só e sozinha. Não havia um mísero cristão com quem eu pudesse me lamentar, só como um camelo sem deserto...
Minha cabeça começou a acelerar e parecia querer explodir e não parava de ouvir um som de bate-estaca fazendo misérias em meu cérebro... Quando de repente comecei a viajar intensamente, cabeça descolada do corpo, este flutuando. Poderíamos chamar isso de “viagem astral”.
Ouço vozes antigas, eternas. Como um sonho volto à infância... longe, longe, longe “ciranda, cirandinha vamos todos cirandar...” Devem vir de algum lugar do passado. Passado/presente, presente/passado. É tudo igual como uma roda que vai e volta e nunca chega ao fim.
Sinto-me leve, queria esse estado até o final de meus dias. Conheço uma pessoa que teve decretada morte clínica, quando conseguiram reanimá-la, ela ficou puta da vida, pois nunca se sentira tão bem como quando do outro lado. Esse suave torpor me invadira e parecia querer ficar. Lá, dentro de mim, eu sabia que seria impossível. Que a realidade existe e temos que encará-la de frente e blá, blá, blá. Mas não hoje. Hoje tirei férias de mim mesma.

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