20 de jan. de 2010

Sim, Senhora

Me chamo Ana Paula, mas as pessoas me chamam de Aninha ou de Paulinha. Este tratamento diminutivo é irritante. Porque não Ana simplesmente ou Paula? Deixa pra lá ..... Não vou esquentar com isso enquanto escrevo essa tentativa de “Breves Memórias”, onde pretendo contar toda a verdade e não deixar nada escapar. Acho que me fará muito bem ....


Bem, até agora não tenho do que me queixar. As coisas vão muito bem. Eu diria que até demais. Dá até para desconfiar. Às vezes é a tempestade que se avizinha, posso até ouvir raios e relâmpagos.

Sinto falta de algo que faça pulsar meu coração .... E isso tem tanto tempo .... Saudades de uma boa paixão. Daquelas que fazem nossos alicerces estremecerem. Talvez seja melhor nem brincar. Mas a vida anda um rame-rame. Vou parar de escrever um pouco e tomar um cafezinho. Pronto, estou de volta.

Tava dizendo que a vida anda um rame-rame. Essa é que é a verdade. Tô ficando velha .... Investirei no figurino para levantar o astral.

Parece até piada, mas não é. Outro dia Silvinha ligou dizendo que está organizando danças de salão para a terceira idade, para a boa idade, disse ela. Até parece, só rindo. Ela contrata uns bailarinos profissionais e chama as amigas e cobra por isso! Um escândalo! Qualquer hora vou dar um pulinho lá só pra rir das “peruas” um pouco. Deve ser muito engraçado.

Outro dia,e eu volto ao meu relato. Ainda acabo pagando pela língua. Acabei indo ao “forró” (só chamando assim) da Silvia e tenho que confessar ter adorado. Deixei o Márcio
 
em casa, ele anda cada vez mais sombrio e taciturno, e lá fui eu. Foi bom para desenferrujar. E tenho que confessar mais, tem uns bailarinos que até dão pro gasto. Na minha idade, aquela que não confesso nem prá mim, nem sob tortura. Aliás já menti tanto sobre ela que juro ter esquecido. Melhor assim .... Mas homens prá mim têm que ser mais maduros. Quem gosta de criança é babador.


Um professor de dança, em particular que se chama Jorge, apelido “Negão” a boca pequena, eu não repito nem prá mim, que eu achei muito sexy. Ele até daria umas boas sacudidas. Rá, rá, rá ....

A gente tem mesmo que levar a vida de forma mais suave e engraçada. Mas a verdade é que rolou uma “transa” lá em “Deus me livre’’, não posso nem repetir onde, porque não conheço mesmo nada, além túnel.

Sei que há muitos anos não vivia tão tórrida “trepada”. Enlouqueci.

Deixei de escrever uns tempos, agora eu volto. Nesse tempo que fiquei sem escrever, rolou de tudo. Tenho que confessar: me apaixonei pelo Negão (não tem graça nenhuma, é assim que ele é conhecido), mas me apaixonei de financiá-lo em tudo, fazer todas as suas vontades e isso porque? Pelo sexo, eu não posso dizer que o ame, seria mentira. Mas me viciei. E eu que me apaixono por vícios vários. Vícios voláteis, na verdade. Na verdade, eu nunca me fixei em nada. Só homem e dinheiro. Me viciei no cheiro que essa “gente de cor”exala. Vicia, suor, cerveja e ‘’essa cor’, é ..... Me viciei no cheiro da pobreza para encurtar a história. Fiz tudo pelo Negão, prometi mundos e fundos para que ele continuasse comigo. E ele nada. Casou com uma mulata. Mu-la-ta. Fui trocada por isso? E esse meu vício virou doença Comecei a andar de ônibus, pode? E quando sinto forte esse cheiro de pobreza, dou um jeito de ir me
 
chegando, até que “role” alguma coisa. Foi a forma que encontrei para superar o “Negão” .


É. É muito frágil a vida, de quase nada ela é feita, basta um escorregão que mergulhamos no pântano e no inferno de nossas consciências.

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