Os gestos são agora comedidos. As distâncias respeitadas. A privacidade de um e do outro, um bem com o qual não se brinca. Já não ateamos fogo às vestes por um atraso ou telefonema que se esperou e não veio. É assim. Não sofremos mais por qualquer coisa. Nem o coração bate disparado quando a campainha toca, no máximo ficamos inquietos.
É assim, mas eu juro que é bom. A serenidade veio para ficar. Assim como com nossa maturidade conseguimos enxergar o outro e respeitá-lo com suas qualidades e defeitos. Preferimos ficar a sós muitas vezes e o outro também. Aprendemos a curtir a nossa companhia assim como a companhia do outro. Aliais, só porque aprendemos a gostar da nossa solidão, podemos apreciar o outro em sua totalidade.
Já não somos crianças, há muito a adolescência se foi. Tivemos 30 e agora são mais 30. Todas essas épocas se bem vividas é que tornam os 60 anos uma idade radiosa. Vocês devem estar pensando: radiosa?! Ela deve estar maluca. Radiosa sim, ou vocês pensam que perdemos o tesão?! O tesão no outro e pelas coisas da vida.
Eu adoro me arrumar e ficar bonita pra quem me ame, ou mesmo que não, adoro ficar atraente pra mim. E me acho ainda bonita, sim. Sei que poderia dar uma “puxadinha” aqui, um botox acolá. Mas isso já não me deixa doente. Eu me aceito com minhas rugas e os cabelos brancos que teimam em aparecer de 15 em 15 dias. Nisso a moda não nos poupou. Em sua ditadura. Porque releva a barriguinha e os cabelos brancos dos homens, assim como a gordura? E nos quer sílfides, de cabelos sempre retocados.
Vocês querem ver como os 60 são legais? Essa ditadura conosco não é tão rigorosa assim. Ou eu pelo menos não me cobro esse rigor, além de achar lindo mulheres que assumem seus cabelos brancos.
Não sei se consegui explicar o amor aos 60. É difícil, quase impossível falar de amor generalizando. Escrevi o que sinto e como vejo o que vivo.
Uma última consideração, e essa bastante minha: não suportaria mais, dividir o mesmo quarto com ninguém. Perto, próximo, ótimo. Por uns dias, ok. Mas para sempre, não mais. Eu gosto demais da minha companhia e de dormir com meus cachorrinhos.
Teus sentimentos são, creio, o da grande maioria de nós, os mais "adultos".
ResponderExcluirBendita serenidade! Rosario
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