10 de mai. de 2010

CANTO DOS AMIGOS

DEBAIXO DAS COPAS DAS ÁRVORES

O ônibus entrava lentamente na rua da escola e por um motivo ou outro não sentia vontade de sair, ficando olhando através do teto, dos olhos, dos sentidos, para as copas das árvores que desfilavam acalentadas pelo vento suave, tendo um céu verdadeiramente azul por trás. Às vezes quando o céu se fazia cinza e o verde esmeralda virava petróleo, a vontade de permanecer ficava mais forte.
Disto me lembro bem, e passados alguns anos ainda me faz suspirar por aquele tempo. Alguns quilômetros e muitos anos não apagam aquela sensação quando vejo as copas das árvores perto da minha atual casa ou quando passeio me lembrando de carambolas e de planos e sonhos impossíveis .
Parecida com o contraste de odores fortes do mercadinho que já não há mais, onde junto com os salgados também havia o cheiro das frutas e da padaria e eventualmente na esquina próxima uma barraquinha com flores do campo e rosas vermelhas.
Lembro-me do perfume das rosas, que naquele tempo tinham aroma forte, e que eventualmente imaginava enviar com um bilhete para alguém especial.
Os aromas do passado resgatam o frasco, às vezes fechado, das memórias...
Vislumbro copas de árvores vistas por baixo, aguardando o momento de olhá-las por outra perspectiva e destrancar o pequeno frasco perdido nos desvãos do tempo.
Imagino que o vento sobre as copas das árvores seja como uma carícia prometida e esperada e sorrio com simplicidade e paz, além da esperança pelas novas árvores que continuam nascendo!
João Siqueira

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