De repente, num dia qualquer, nos damos conta do tempo perdido amando pessoas erradas, com falsos amigos e experiências que só nos deixaram um buraco na alma, nada nos dando em troca. Claro, sempre existirá a máxima de Pessoa: “Tudo vale a pena quando a alma não é pequena.” A alma pode ser grande, Mestre, mas ela merece o melhor. Fatalmente, também nesse mesmo dia, cai a ficha do pouco tempo que nos resta passando por aqui. Quem veio a trabalho que me desculpe, mas a vida foi feita para passear por ela com olhos maravilhados a cada descoberta. De quem é a culpa pelo tempo perdido? Pelas escolhas erradas? De nós mesmos, é claro. Mas geralmente isso acontece devido a nossa baixa auto-estima, via de regra, causada por uma educação equivocada, por pais que nos ensinaram que nós não valíamos a pena, que tudo que fazíamos era errado. Tudo bem, o mal foi feito, vamos reclamar com o Papa, ou já espertos pela vida, vamos aproveitá-la cientes de nossa finitude?
Nem carece responder, temos pouco tempo aqui, estão lembrados?! Que tal olhar para os lados e “descobrir” nossos semelhantes?! Pessoas iguais a nós que sofrem do mesmo mal ou parecido. “Descobrir” pressupõe amá-las: não esse amor carola que nos foi incutido pela formação jesuíta. Amor fundamentado na nossa eterna culpa judaico-cristã. Mas sim um amor que pressupõe nossas dificuldades, nossas limitações, mas também o “divino” que existe em todas as criaturas e que faculta-lhes o perdão verdadeiro, o amor verdadeiro e alguma sabedoria. Sabedoria essa, humana, com seus erros e desvios, conquanto não sejam fatais.
No dia em que olharmos de igual para igual nosso semelhante acordaremos, de fato, para a vida. Em toda a sua fealdade e beleza transcendentais. Veremos o que nos sobrou desse planeta e tentaremos salvá-lo. Se agirmos rápido, rápido, ainda dará tempo. Mas isso é urgente e requer uma mudança radical de postura. Estaremos preparados para esse desafio? Estaremos nós aptos para viver em plenitude? Que esse dia não tarde, são meus votos, pois só aí estaremos vivendo verdadeiramente.
Psiu, olha aí, ainda assim sobraria um montão de coisas para fazermos. Isso seria só o começo... Vou falar baixinho que é pra não assustar: miséria, fome, guerras, governos despóticos... eu deixei o pior para o final, eu sei. Veremos o que ainda podemos fazer...
beleza....lindo mesmo.
ResponderExcluiro duro é que a descoberta do outro pressupõe a de si mesmo, e nesse mundo vazio e frenético tá cada vez mais difícil de se enxergar por dentro.
mas a mensagem que me ficou foi a de se olhar o outro em igualdade.
se ao menos isto praticássemos, talvez o mundo tivesse uma saída mais digna.