17 de fev. de 2010

Uma no meio da multidão

Quem sou eu? É como me sinto, de repente, e bem no meio da rua. Sei quando começa, porque a sensação é de pavor, medo de desmaiar a frente de todos e ser ridicularizada.

Começo a suar muito e tremer. A taquicardia dispara e eu tenho minha visão comprometida. Vejo o perto às vezes longíssimo... e vice-versa. As noções de espaço e tempo, alteradas. As imagens contorcem-se e vejo tudo distorcido. E uma sensação de perda de identidade. As pessoas, assim, me parecem figuras de Francis Bacon e sou obrigada a me sentar em qualquer lugar para não cair. A sensação maior é de estar só e solta no mundo e sentir profundo pânico por isso.

Suo e penso. Penso e suo ao mesmo tempo alternadamente.

Ai, lá vem ele, o chofer redentor, mais um segundo e eu estaria estirada no chão, entregue ao olhar implacável e impiedoso dos passantes, aberta a visitação pública.


3 comentários:

  1. Écomo me sinto,até hoje.Descriçao perfeita! Joana Prado

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  2. Descrição muito fiel mesmo, bastante semelhante às que eu ouço de pessoas muito próxinas que enfrentam os mesmos tipos de problemas... beijos, Ana Laura

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