O ritmo das ruas, o frio na alma, o medo da loucura, esse meu amor que nunca chega...
Não importa, não quero mais. Tenho que driblar a dor. Tento driblar a dor, mas ela me alfineta a alma.O vai-vem do trânsito. Sofrer não tem hora, lugar? Coração bate forte, bate rápido, bate mais. Sinal dos tempos...
Eu envelheço... Tem importância? Só a depressão crescente.
Tenho que driblar a dor da dor, da falta de amor, vazio na alma, pânico presente, vertigem, vontade de morrer e rápido, vapt vupt. Que seja indolor, que seja breve...
Alguém falou de uma luz? Fim do túnel.
Coração que pulsa, coração que sente. O medo vem na boca, que seca e emudece... Vertigem.
Meu coração batia desenfreado, descompassado, como o ritmo das ruas. A agonia era tal que não me permitia pensar. Também, pra quê? Não dava pra mudar as coisas... A angústia não me dava descanso. Minha cabeça perecia bateria de uma escola de samba. Minha taquicardia absurda fazia meu coração bater na boca. Tudo passa voando ante meus olhos: carros, edifícios, pessoas, tudo. Não consigo me fixar em nada. Também pudera, foi assim que a maioria das pessoas escolheu viver... Que pode fazer um pobre vagabundo como eu?
Falta de ar, muita falta de ar... Tô com medo de de repente acontecer o meu final, logo agora que resolvi encarar tudo de frente, fazer minha vida finalmente ter sentido. Não. Não vou deixar. Sou forte, combativo, lutarei até o último minuto.
Imagem de Lucien Freud